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Massacre em Gaza: 49 mortos e quase 200 feridos durante distribuição de ajuda humanitária

  • Categoria: GUERRA
  • Publicação: 25/06/2025 08:03

A Defesa Civil da Faixa de Gaza informou nesta terça-feira (24) que ao menos 49 palestinos foram mortos e 197 ficaram feridos após forças israelenses abrirem fogo contra civis que aguardavam ajuda humanitária próxima a centros de distribuição no território palestino. Os pontos de entrega são administrados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma iniciativa criada sob coordenação de Israel e dos Estados Unidos, duramente criticada por diversas organizações humanitárias e pela sociedade civil palestina, que a acusam de atrair a população a zonas perigosas para depois atacá-la.

Com esse novo massacre, o número de mortos durante operações de distribuição de ajuda pela GHF chega a 516 desde o início das atividades da fundação no mês passado. Os centros de distribuição operam em áreas de alta vulnerabilidade, em sua maioria sob ocupação militar israelense, e concentram-se em regiões onde o colapso humanitário é mais severo, como Rafah, Khan Younis e Deir el-Balah.

Vídeos amplamente compartilhados nas redes sociais mostram cenas de pânico e terror, com vítimas caídas no chão enquanto aguardavam por alimentos e suprimentos básicos. Segundo testemunhas, os disparos começaram sem aviso prévio, no momento em que multidões famintas se aglomeravam nos arredores dos pontos de entrega.

Em entrevista ao hospital Nasser, em Khan Younis, o paramédico Ziad Fahrat afirmou que "60% dos feridos levados ao hospital de campanha da Cruz Vermelha estão em estado grave, e a maioria não vai sobreviver". Ele fez um apelo direto: "Desaconselhamos a população a se dirigir aos centros de ajuda — tornaram-se armadilhas mortais".

Desde o início da atuação da GHF, já são 3.799 palestinos feridos durante as tentativas de acesso à ajuda. O chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Jonathan Whittall, visitou a região de Deir el-Balah e classificou a situação como "um massacre em curso". “Enquanto a atenção do mundo se volta para outras crises, em Gaza as pessoas estão morrendo simplesmente por tentarem obter comida. Sobreviver virou uma sentença de morte”, declarou.

Whittall destacou que os ataques ocorrem, repetidamente, nas áreas onde os centros de distribuição estão instalados — sob controle israelense direto ou indireto — e afirmou que a maioria das vítimas é alvejada por disparos ou atingida por estilhaços de explosivos no momento em que tenta acessar o local.

Desde o início da guerra em 7 de outubro de 2023, o número total de vítimas palestinas ultrapassa 56.077 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, números considerados confiáveis pela própria ONU. A imensa maioria das vítimas são civis, incluindo mulheres, idosos e crianças.

A crise humanitária em Gaza se intensificou após o bloqueio total imposto por Israel no início de março, que reduziu drasticamente o fornecimento de alimentos, água potável, combustível e medicamentos. Apesar de uma flexibilização parcial no final de maio, a ajuda que chega à Faixa de Gaza permanece insuficiente para atender às necessidades básicas da população estimada em mais de dois milhões de pessoas.

A comunidade internacional tem sido amplamente criticada por sua omissão diante da escalada da violência e da catástrofe humanitária sem precedentes na região.