Em um anúncio surpreendente nesta segunda-feira (23), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou um acordo de cessar-fogo “completo e total” entre Irã e Israel, após semanas de intensos confrontos na região.

A declaração foi feita durante coletiva de imprensa na Casa Branca e rapidamente ganhou repercussão global. Segundo Biden, o entendimento foi alcançado com forte mediação do Qatar e apoio de diplomatas americanos e europeus, após uma série de negociações discretas com o governo iraniano.

Pouco depois do anúncio, no entanto, surgiram relatos de explosões em diferentes áreas de Teerã, capital iraniana. Autoridades locais ainda investigam as causas, e até o momento não há confirmação oficial sobre vítimas ou danos significativos.

De acordo com o comunicado oficial da Casa Branca, o cessar-fogo será implementado em duas fases: inicialmente, o Irã deverá interromper todas as ações militares no prazo de até seis horas após o anúncio; em seguida, Israel pausará suas operações ofensivas. Biden afirmou que o acordo visa encerrar o que classificou como “as hostilidades mais graves desde 2024”, elogiando a disposição de ambas as partes em buscar uma solução pacífica.

Fontes da agência Reuters apontam o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, como figura central na mediação, atuando diretamente com Teerã após conversas com autoridades americanas.

Segundo informações diplomáticas, a iniciativa foi acelerada após um ataque iraniano contra instalações militares americanas em Al Udeid, no Qatar, na última semana. Os Estados Unidos informaram que o ataque foi antecipado por seus sistemas de defesa e não causou feridos.

Apesar do anúncio, o governo israelense ainda não se pronunciou oficialmente sobre a trégua. O exército de Israel adotou uma postura de silêncio, limitando-se a dizer que “avalia o cenário com cautela”. Por outro lado, fontes próximas ao governo iraniano confirmaram à Reuters a aceitação da proposta americana, embora Teerã ainda não tenha divulgado um comunicado formal.

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, afirmou que o cessar-fogo só foi possível após o "comprometimento claro" do Irã em desmantelar avanços recentes no setor nuclear. A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), no entanto, informou que ainda realizará inspeções antes de validar qualquer desmobilização do programa iraniano.

Na ONU, a notícia foi recebida com alívio, embora com ressalvas. Um diplomata do Conselho de Segurança afirmou, sob anonimato, que a condução do processo pode abrir um precedente delicado. “Evita-se uma guerra iminente, mas cria-se um modelo onde acordos ocorrem fora dos canais multilaterais tradicionais”, avaliou.

A organização ainda avalia se manterá a reunião emergencial prevista para esta semana, que discutiria propostas alternativas de trégua apresentadas por China e Rússia.