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Tensão domina Conselho de Segurança da ONU após bombardeios dos EUA ao Irã; Teerã promete retaliação e clima internacional se agrava

  • Categoria: GUERRA
  • Publicação: 23/06/2025 08:04

Nova York — A reunião emergencial do Conselho de Segurança das Nações Unidas, realizada neste domingo (22), foi marcada por intensas trocas de acusações e um clima de crescente hostilidade entre representantes de Israel, Irã e Estados Unidos, após os bombardeios norte-americanos contra instalações nucleares iranianas. A ofensiva, que ocorreu na madrugada de sábado (21), atingiu complexos próximos a Natanz e Isfahan, centros estratégicos do programa atômico iraniano, e provocou forte reação em todo o Oriente Médio.

Durante o encontro, o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, defendeu veementemente os ataques. Em um discurso inflamado, ele afirmou que a ação foi “inevitável e preventiva” diante do que classificou como avanços clandestinos e ameaçadores do programa nuclear iraniano. “A inércia internacional teria nos levado a uma catástrofe. Os que hoje condenam a ação talvez amanhã estejam agradecendo por estarem vivos”, declarou Danon. Ele ainda elogiou o governo norte-americano, descrevendo os ataques como uma “demonstração de coragem e responsabilidade global”.

A resposta do Irã veio de forma dura. O embaixador iraniano Amir-Saeid Iravani condenou os bombardeios, chamando-os de "violação flagrante do direito internacional" e “ato de guerra”. Iravani alertou que Teerã não permanecerá passivo e prometeu uma “resposta proporcional e calibrada”, que será determinada pelas Forças Armadas do país. “Os EUA cruzaram uma linha vermelha. Eles agora compartilham com Israel a responsabilidade por todas as consequências regionais e globais que possam advir”, disse o diplomata, acusando ainda o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de manipular Washington para envolvê-lo em uma escalada perigosa e sem saída clara.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo urgente à contenção e ao retorno à diplomacia, afirmando que o mundo está “à beira de um conflito regional de proporções imprevisíveis”. Ele ressaltou que qualquer ação unilateral envolvendo instalações nucleares representa um risco direto à segurança global. Guterres também confirmou o envio de uma missão de avaliação à região, com objetivo de verificar danos e coletar informações sobre possíveis violações do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

Nas últimas horas, vários países expressaram preocupação. A China pediu uma reunião ampliada com participação dos países do G20 para debater a crise. A Rússia classificou os ataques como “provocação calculada” e alertou para “consequências imprevisíveis”, enquanto países europeus como Alemanha e França pediram um cessar imediato das hostilidades e a retomada do Acordo Nuclear de 2015 (JCPOA), atualmente suspenso.

Em Teerã, manifestações em frente ao Parlamento pediam uma “resposta firme” contra os EUA e Israel, enquanto unidades militares foram colocadas em alerta em diversas províncias. O comandante da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, afirmou que o Irã “não se curvará à coerção militar” e que “qualquer agressor pagará um preço elevado”.

Analistas internacionais temem que o atual ciclo de retaliações possa rapidamente se transformar em um conflito direto entre potências. O Pentágono, em nota oficial, confirmou a operação, mas reiterou que "os Estados Unidos não buscam guerra com o Irã", ao mesmo tempo em que reforçou a presença militar na região com o envio de dois porta-aviões para o Golfo Pérsico.

Com os ventos da guerra soprando forte no Oriente Médio, a diplomacia global enfrenta um de seus maiores testes desde a invasão do Iraque em 2003.