EUA aprovam primeira vacina preventiva contra o HIV: avanço histórico anima comunidade científica e reacende esperanças na luta global contra o vírus
- Categoria: SAÚDE
- Publicação: 20/06/2025 08:09

Um marco sem precedentes na luta mundial contra o HIV foi registrado nesta quarta-feira (18), nos Estados Unidos. A FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora norte-americana equivalente à Anvisa no Brasil, deu sinal verde para a primeira vacina preventiva contra o vírus. O imunizante, desenvolvido pela farmacêutica Gilead Sciences e batizado de Yeztugo — nome comercial da substância Lenacapavir — promete revolucionar a forma como o HIV é combatido, oferecendo uma alternativa eficaz à profilaxia tradicional.
Apesar de não representar uma cura, a nova vacina é considerada uma das formas mais eficazes de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) já desenvolvidas, com eficácia comprovada de 99,9% na prevenção da infecção por HIV-1. Um dos grandes diferenciais é a comodidade na aplicação: ao contrário de medicamentos orais diários, o Yeztugo exige apenas duas doses por ano, tornando o tratamento mais acessível e prático, especialmente em populações com dificuldades de adesão à PrEP convencional.
A aprovação foi recebida com entusiasmo pela comunidade científica internacional. “É um dia histórico para as muitas décadas de combate ao HIV. Yeztugo é uma das descobertas científicas mais importantes do nosso tempo e nos dá uma oportunidade real de ajudar a acabar com o HIV”, afirmou Daniel O’Day, CEO da Gilead Sciences, em comunicado oficial.
Segundo a Gilead, o imunizante é indicado para adultos e adolescentes com peso corporal a partir de 35 quilos, desde que testem negativo para o HIV-1 antes da aplicação inicial. Como em todo tratamento, o uso da vacina pode provocar efeitos colaterais leves a moderados, como náuseas e dores de cabeça. No entanto, os estudos clínicos realizados ao longo dos últimos anos apontam para um perfil de segurança robusto.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) comemorou a decisão da FDA e destacou o impacto que a aprovação pode ter no enfrentamento da epidemia de HIV em escala global. Dados recentes do programa conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) revelam que cerca de 39,9 milhões de pessoas vivem atualmente com o vírus no mundo. O surgimento de uma nova forma de prevenção, especialmente com alta eficácia e baixa frequência de aplicação, pode ser decisivo para reduzir infecções entre populações mais vulneráveis, como jovens, LGBTQIA+, usuários de drogas e trabalhadores do sexo.
Agora, a expectativa se volta para outras agências reguladoras ao redor do mundo. No Brasil, a Anvisa já é pressionada por entidades médicas e de direitos humanos a iniciar o processo de análise para possível liberação do Yeztugo no país. Caso aprovado, o imunizante poderá ampliar significativamente o alcance das estratégias de prevenção, integrando os programas públicos de saúde e fortalecendo os esforços globais para erradicar o HIV como ameaça à saúde pública.
O anúncio reacende a esperança de que, com ciência, investimento e políticas públicas eficazes, seja possível caminhar para um futuro livre da epidemia que marcou as últimas quatro décadas da história da humanidade.
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