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Brasil empata sem brilho na estreia de Ancelotti e mostra que reconstrução será longa

  • Categoria: ESPORTE
  • Publicação: 06/06/2025 08:00

Na estreia de Carlo Ancelotti como treinador da Seleção Brasileira, o Brasil ficou no empate sem gols com o Equador, nesta quinta-feira (5), em Guayaquil, pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026. Em campo, pouco se viu da esperada transformação prometida pela chegada do consagrado técnico italiano. O que se viu foi um time burocrático, com velhos problemas, e que ainda carrega as marcas das passagens anteriores de Ramon Menezes, Fernando Diniz e Dorival Júnior.

Apesar do resultado, o Brasil permanece na quarta colocação das Eliminatórias, com 22 pontos. O desempenho, no entanto, segue aquém do esperado para a seleção mais vitoriosa da história do futebol. A classificação para o Mundial ainda não está assegurada, mas está encaminhada: com o novo formato da FIFA, seis seleções sul-americanas garantem vaga direta, e a sétima disputará a repescagem. O Equador, com 24 pontos, assumiu a vice-liderança da tabela, atrás apenas da Argentina.

Pouco tempo, muito trabalho

Ancelotti, que teve apenas três sessões de treino com o grupo antes da partida, já deve ter tirado algumas conclusões importantes: a missão de devolver o protagonismo à Seleção Brasileira será árdua. O Brasil foi um time previsível, sem criatividade no meio-campo e com muitas falhas técnicas — erros de passes, decisões equivocadas no terço final e uma dificuldade crônica de articular jogadas ofensivas.

O esquema tático pouco diferiu do que a torcida já vinha assistindo nos últimos jogos sob os interinos. A construção ofensiva foi lenta, e a transição, ineficiente. A Seleção só levou perigo em lampejos individuais, principalmente pelos pés de Vinícius Júnior, que mais uma vez não conseguiu repetir o brilho que mostra no Real Madrid quando veste a Amarelinha.

O jovem Estêvão, do Palmeiras, também chamou a atenção com sua ousadia e velocidade, sendo uma das poucas novidades positivas. Em uma das principais chances da partida, ele desarmou o zagueiro equatoriano, puxou contra-ataque e iniciou a jogada que terminou com Vinícius desperdiçando uma chance clara após passe de Gerson.

Defesa segura, ataque estéril

Se ofensivamente o time falhou, ao menos no setor defensivo o Brasil demonstrou solidez. A linha defensiva foi eficiente em conter as investidas equatorianas, e o goleiro Alisson, especialmente no segundo tempo, apareceu bem quando exigido. Um chute perigoso de Estupiñán foi o principal susto da partida, mas o arqueiro do Liverpool respondeu com segurança.

O melhor momento brasileiro no segundo tempo foi uma jogada individual de Vinícius Júnior pela ponta esquerda, que terminou em um chute fraco de Casemiro, facilmente defendido por Alexander Domínguez. Uma finalização com mais precisão talvez tivesse selado uma vitória magra, mas justa.

Próximo desafio: Paraguai

A expectativa agora se volta para o confronto contra o Paraguai, na próxima terça-feira (10), às 21h45, na Neo Química Arena, em São Paulo. A partida pode confirmar matematicamente a vaga do Brasil no Mundial, dependendo de outros resultados da rodada.

O técnico Ancelotti contará com o retorno do atacante Raphinha, que cumpriu suspensão e deve voltar ao time titular. A esperança é que, com mais tempo de trabalho e a reintegração de peças importantes, o treinador possa aos poucos implantar sua filosofia e dar uma nova identidade à Seleção.

Sonho do hexa ainda distante

A estreia discreta de Ancelotti reforça que a caminhada rumo ao tão sonhado hexacampeonato mundial será longa e desafiadora. O talento individual existe, mas será preciso organização, paciência e, principalmente, uma nova mentalidade para recolocar o Brasil no topo do futebol mundial. Por enquanto, o time está longe de convencer — e ainda mais distante de encantar.